quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Uma história de vida randomica



Então aquele dia eu tinha acordado mais tarde do que nunca. Esse ano tenho que ir a pé ou de metro aos locais, pois minha carona sumiu. Não tive tempo de sequer tomar banho, vesti a primeira tee e par de jeans que vi, joguei um cachecol e um casaco por cima e fui para a rua.

Tinha uma coisa combinada na baixa, vejam só. Vivo longe da baixa, acho que trinta minutos de metro…
O metro estava lotado aquelas horas da manhã. Que raiva, odeio metro lotado. E já olhava para o relógio impaciente. Vinicius é muito pontual e com certeza ele já deveria estar por lá com aquela cara de ‘vadia, vai tomar no cu, eu sou teu empregado pra ficar te esperando’ E eu ia ouvir das boas.
Cheguei lá suada, de tanto ter corrido(que exagero, foram mesmo uns passos largos e um andar mais rápido) e lá estava ele. Um rapaz alto, de pele bem morena, dreadlocks e óculos escuros estava parado em frente aquela Zara. Ele tinha o telemóvel na mão com um cigarro e um copo de café do starbucks na outra. Ele nem devia ter me visto, parecia calmo.
-Oioioioi, desculpa o atraso, eu… - cheguei rindo e me apoiando nele para lhe cumprimentar.
-Ali, eu tenho um filho. – Olhei em choque para ele. Primeiro porquê sou lerda e nem tinha percebido o que ele tinha dito. Quando captei a mensagem, dei uma risada.
-Ai para. E o que você ta bebendo? E me dá um cigarro? Merda, esqueci dos meus em casa – disse, esfregando as mãos por causa do frio que fazia naquela manhã.
-Tou a falar a sério – Ele disse, apagando o cigarro com o pé, já pegando outro e me oferecendo um – Lembras da Nara?
-Aquela puta que tu comia e insistia em dizer que era tua namorada? –ri, enquanto acendia o cigarro. – Putz, Vini, isso foi a uns cinco anos atrás…
Ele bufou e franziu a testa
- É. E ela tava grávida na época em que terminamos. – balançou a cabeça, parecia confuso e irritado. Olhei para ele, finalmente me tocando que ele estava falando sério – Porra! E nem para avisar? O que ela acha? Que eu não seria um bom pai? – quase gritava, frustrado.
-Mas… Oh meu deus, Vini!  – segurei o braço dele. Ele tem um filho? Vinicius fez vinte e dois anos mês passado, ele mal entrou na universidade, e tem um filho? Como assim? Era demais para a minha cabeça. Meu estômago doía de nervos e meu coração de culpa por o ter ignorado quando ele começou a falar. – E agora? –limpei a garganta – vocês dois vão voltar…?
Ele balançou a cabeça.
-Ela tá noiva daquele filho da puta – Disse, dando uma risada forçada.
O filho da puta era o Diogo. Um qualquer que a Nara achou que era melhor que o Vinicius. Aparentemente, eles são agora essa ‘big happy family’ e pobre Vinicius!
-Você sabe o nome dele?  - perguntei baixinho
-… Joel. –disse, olhando em volta – Queres entrar em algum sítio? Ta muito frio aqui. – disse, pareceu que nem estava dando muita importância à criança.
E eu simplesmente o segui para dentro de algum café, não quis falar dos meus problemas ridículos de ter que acordar mais cedo que o normal para chegar a tempo na aula. Tudo soava estúpido na minha vida agora.




Alice



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